Aprendizado movido a curiosidade
Handy estava no terceiro período da Faculdade de Gestão Empresarial antes de viajar. Morava com a mãe, a professora Marie Anne, e a irmã Ludgie, de 35 anos. Conforme as exigência do convênio, entregou sua documentação de ensino médio, os atestados de saúde e comprovante de renda familiar, já que teria de ser sustentado durante o intercâmbio porque não poderia trabalhar. Embora tivesse perdido o pai aos 3 anos, a mãe e a irmã puderam suprir as exigências. A viagem foi feita em avião militar.
“Quando cheguei, em fevereiro de 2013, fui bem acolhido pelo povo daqui”, lembra Handy, que começou morando com um primo e um brasileiro, que o ajudaram a engatinhar no português. Ele sentiu alguma facilidade pela raiz latina comum ao idioma francês, que falava em seu país. O que abriu mesmo as portas para o novo idioma, porém, foi o curso de seis meses na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Não demorei muito a pegar o jeito, em cinco meses já conseguia me comunicar”, lembra.
As dificuldades do curso, que faz até 2018 na Faculdade Rural, são fruto da falta de tempo para estudar como gostaria. “A estrutura das aulas não é tão diferente do Haiti, mas o ritmo do aprendizado aqui é bem mais rápido”, compara.
De resto, nada a reclamar. “Já me acostumei com a vida no Rio de Janeiro”, diz Handy, que quando foi estudar na Rural passou a dividir um apartamento com um colega brasileiro em Nova Iguaçu. Nas horas de lazer, adora jogar futebol e não faltam festas culturais para se divertir. Só não encontrou ainda uma namorada. “As vezes sinto falta da família”, reconhece, embora tenha a convicção de que vai permanecer no Brasil até terminar o curso. Enquanto isso, fica feliz em conviver com os primos que vivem no Rio, mas tem certeza de que retornará ao Haiti. “Meu país precisa de gente. Pretendo voltar para completar a experiência que estou vivendo aqui”, afirma.
Texto: Celina Côrtes