Woody Jean Louis: “Já me sinto em casa”

Woddy participava de um culto em uma igreja evangélica quando o terremoto atingiu Porto Príncipe. “Já tinha visto catástrofes na TV e minha primeira reação foi sair correndo, meu irmão veio atrás”, lembra. Depois os dois hesitaram entre ajudar os que estavam lá dentro e se salvar, mas acabou que pelo menos ali não houve vítimas fatais. Depois seguiu até sua casa e todos estavam bem.

Depois de uma conversa com o pai, decidiu vir para o Rio de Janeiro, inicialmente viver com um primo que já morava aqui. A ajuda do pai proporcionou uma viagem tranquila em avião comercial, com escala no Panamá e em São Paulo. Quando desembarcou no Rio, o primo o esperava no aeroporto.

Aconteceu, porém, uma primeira decepção, por não ter conseguido passar para a concorrida Medicina. Acabou fazendo Biologia na Universidade Rural, depois de ficar um ano estudando português na UFRJ. “Como meu primo morava com uma brasileira podia praticar bastante, além disso a estrutura latina do português é semelhante à do francês, que eu já falava”, explica.

Para ele, o acolhimento que recebeu dos brasileiros quando chegou reforçou sua segurança. “No primeiro dia de aula todos vieram me abraçar, pareciam saber que eu havia passado por várias dificuldades. Isso sem dizer que quando cheguei fui recebido por uma festa na casa de meu primo”, recorda, sorridente. Além disso, é apaixonado por futebol e não demorou a constatar que existem muitas semelhanças entre a Cultura brasileira e a haitiana.

Woody cursou quatro períodos de Biologia e tentava buscar no curso alguma semelhança com a Medicina que ele tanto idealizava. Como acabou ficando com uma pendência no curso, achou que era hora de promover mais uma reviravolta na sua vida, que por sinal já tinha passado por intensas mudanças nos últimos anos. A perspectiva de se mudar para Foz do Iguaçu não chega a trazer sobressaltos. Woody vai com um grupo de haitianos conhecidos, de quem espera se tornar amigo com a convivência. Se vai voltar para o Haiti após cinco anos do curso que começa este ano, vai depender da “vontade de Deus” e, quem sabe, de alguma namorada que possa aparecer em sua vida.

Texto: Celina Côrtes